Saiu na quarta-feira, 02/05, uma entrevista no site Espaço Independente, do Rio de Janeiro, a comando da Carol Giglio, já conferiu? Você também pode lê-la diretamente do site do Espaço Independente clicando aqui.
-----------------------------------------------
Entrevista com Dabliu Junior
Confira o Papo que tivemos com ele:
Espaço Independente: Sua história com a música começou muito cedo, com 11 anos você já participava de coral. Como a música entrou na sua vida?
Dabliu Junior: Na minha família não tem nenhum
músico. Eu não consigo lembrar como ela entrou na minha vida. Desde
pequenininho eu já gostava, e no lugar de carrinhos eu ganhava pianinhos,
tecladinhos,… Queria comprar discos, rádio, essas coisas. Aos 11 anos
numa festa da firma do meu pai eu participei de um concurso de Karaokê e
tirei primeiro lugar, o que foi um espanto geral. A partir daí comecei.
Me mostraram o coral e a “coisa” ficou mais formal. Com 14 anos minha
voz começou a mudar e eu tive que sair do coral, com 16 anos eu entrei
na aula de violão e conheci o Robb, o guitarrista da minha antiga banda. E dois
anos depois montamos a minha primeira banda, a Metaphorica.
EI: Você sempre curtiu poesia e gosta de juntar com melodias e fazer música?
DJ: A minha família é de base bem simples e eles
não tinham o hábito de comprar livros. Eu fui ganhando esse hábito com o
tempo. Na escola eu comecei a ter “um certo” destaque em concursos de
poesias e os professores começaram a me indicar autores como Machado de
Assis, Clarice Lispector e Fernando Pessoa. E com a música foi a mesma
coisa.
EI: Música e poesia se encaixam ou são coisas distintas pra você?
DJ: Eu considero coisas diferentes. Eu gostava de
música e gostava de ler, comecei a fazer música com a Metaphorica, mas
já lia desde antes. Considero minhas músicas com letras poéticas, mas
não são poesias musicadas. A linguagem não é a mesma, tem coisas que eu
uso na poesia que não cairia bem na música. E nesse trabalho solo é mais
fácil trabalhar músicas com letras poéticas do que quando era de uma
banda de rock. Nesse meu álbum, “Sobre os Ombros de Gigantes”, eu tenho
uma música que eu faço uma brincadeira com o nome da minha afilhada, a
Alicia, o que na banda não me permitiria esse tipo de coisa.
EI: Esse seu trabalho solo é bem diferente do estilo
da sua antiga banda, a Metaphorica. Essa mudança ocorreu naturalmente
em seu processo de composição ou foi uma decisão que você tomou para
desvincular a da Metaphorica?
DJ: Não teve nada pensado. Na época da Metaphorica
eu tinha 20% da banda, e eu tinha limitação técnica, não sabia tocar bem
violão pra compor uma musica um pouco mais elaborada, apesar de ser compositor de todas as músicas da banda. Nos últimos anos eu tenho
ouvido muito música brasileira, eu gosto muito disso. Quando eu parei
pra fazer o CD eu “tava” sozinho, estava fazendo mestrado e era
impossível conciliar alguma coisa nesses 6 meses iniciais de mestrado. Então eu
ouvia muita música e de “ouvidos limpos” eu acabei vindo pra música
brasileira. Foi uma coisa de dentro pra fora, meu coração pedindo para
eu me acalmar.
EI: Mas o que da música brasileira você ouviu pra te inspirar no CD “Sobre os Ombros De Gigantes”?
DJ: Tudo começou com o nome do disco. Eu li essa
frase em algum lugar e achei que combinaria. Eu me considero muito
pequeno como músico pelo fato de existir tanta gente boa na literatura e
na música. Sabia que ia fazer um disco com o nome "Sobre os Ombros de
Gigantes". E na época eu ouvia muito o novo disco do Chico Buarque, Elis e
Tom, Clube da Esquina, Tribalistas e Marcelo Camelo. Ouvia muitos
artistas que trabalham as canções, canções que falam por si só. Não é só
a melodia, não é só a letra, é a musica. Completam para que o conjunto
passe sentimento.
EI: Toda a produção desse disco solo você disponibilizou em
DJ: A ideia foi surgindo. Quando eu fechei com o
estúdio foi que começou. Eu produzia e contava, com isso vi que começou
a aumentar os acessos no site. Então tudo que saía de novo eu escrevia lá.
As pessoas tinham o interesse em saber o que estava acontecendo. Lancei
os teasers e tiveram bons acessos, assim foi surgindo o diário. As pessoas
se interessaram e isso me ajudou a continuar, deu um incentivo maior.
Esse “feedback” das pessoas foi legal. Quando eu vi “Aeroporto” (música
de trabalho) eu levei um susto muito grande, eu lancei dia 19 de
dezembro e no início de Janeiro saiu uma postagem na Gazeta do Povo,
jornal que tem muita força aqui no Paraná. As pessoas ouvindo e
comentando a música. Foi muito bonito ver o quanto estavam gostando.
EI: Foi um disco feito pra você ou foi uma coisa que
veio surgindo, foi pensando “ah, vão gostar dessa música, se eu fizer
assim a galera vai curtir,…”?
DJ: No estúdio eu avisei que queria que fosse tudo
do meu jeito. Queria ter toda a liberdade de mudar e alterar qualquer
coisa que eu quisesse. Fiz tudo de coração, fui sincero no que fiz. E
essa é a maior marca do “Sobre os Ombros de Gigantes” a sinceridade em
que foi feito.
EI: Seu disco está sendo finalizado e você colocou em um site de financiamento coletivo a pré-venda, como surgiu essa ideia?
DJ: O financiamento coletivo é algo que vem dando
muito certo e até no nosso caso. No entanto as pessoas gostam, curtem, mas é
difícil ir lá e ter coragem de colocar seu CPF em um site e comprar.
Foram mais os amigos que contribuíram, a ideia foi essa mesmo de colocar
a “cara a tapa” pra conseguir dinheiro pra prensar o disco. Eu e o
trompetista juntamos a grana, mas assim é uma forma de mostrar pra
galera interessada, independente da quantidade de venda. Temos que ver
como é o mercado, agora. Isso não quer dizer que não vamos
disponibilizar o disco gratuito na internet.
EI: Você não acha que é meio contraditório, vender o disco agora e depois disponibilizar gratuitamente na internet?
DJ: Eu compro o disco original por ter vontade de
tê-lo na mão e as pessoas que têm o costume de comprar disco também. Tem
todo um projeto gráfico bonito por trás, vai ter umas “surpresinhas” no
disco. Quem não tem costume de comprar não vai comprar mesmo. E a música
independente depende desse “passa passa” da internet. Nesse momento não
estamos muito preocupados com a vendagem, queremos difundir o trabalho.
EI: Você tocou na Semana de Moda no MON, como foi?
DJ: Foi muito legal, o show foi maravilhoso. Foi a
primeira vez que eu toquei assim, sentadinho com o violão, ver a
galera cantando foi muito legal. O nosso foi um dos mais comentados, que
mais juntou “curiosos” pra ver. Bem bacana, a banda gostou bastante. Eu
sempre digo banda porque tenho 4 companheiros que trabalham comigo, SOMOS
UMA EQUIPE.
Fonte: http://espacoindependente.com.br/?p=586