O papel do estado na economia

Artigo que escrevi no início de 2010, quando estava no sétimo período da graduação, e que foi publicado na Janela Econômica, periódico virtual das Faculdades Santa Cruz.


Janela Econômica - O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA

Por Walcir Soares Da Silva Júnior


A lenta recuperação da crise iniciada em 2008 começa a tomar forma
agora, com as especulações em torno do aumento da taxa selic
brasileira, o fim da flexibilização dos compulsórios, e, com efeito, o
encarecimento do crédito, e ao mesmo tempo, os europeus – e
apreensivamente o resto do mundo – aguardam o desfecho da crise que se
inicia com o déficit orçamentário das contas na Grécia, e que apesar
desta economicamente não significar muito para o mundo, pode alavancar
uma crise maior devido sua ligação com a zona do Euro, e sua crescente
importância na economia global. Em situações como essa, em que o caos
está prestes a acontecer, qual o papel do Estado? Poderia ele deixar
com que tudo se regulasse automaticamente segundo as leis de mercado e
o pensamento neoclássico, ou deveria intervir - como, é claro, a
experiência da crise de 1929, através do pai da economia John Maynard
Keynes comprovou e vem sendo seguida rigorosamente? O papel do Estado
então, começando por aí, seria tornar a economia estável, para o bem
da sociedade. E é aí que está o conflito, não é possível desvincular a
idéia de economia, da de sociedade, e esta por sua vez então, não pode
nem deve ser capaz de caminhar independentemente.

Tudo começou com uma estimulante aula introdutória de "Economia do
Setor Público" que se encaixaria muito bem como "Filosofia do Setor
Público". Nosso professor nos jogou a seguinte provocação: o ser
humano seria um indivíduo bom, e o meio o corrompe, segundo uma visão
marxista defendida pelo filósofo Rousseau? Ou seria ele um indivíduo
mau que aprende a ser civilizado com as instituições que recebe
durante a vida, segundo a filosofia de Hobbes? Muitos de nós
ficaríamos tentados a aderir ao primeiro questionamento, contudo,
garanto que os argumentos que nosso professor nos proferiu, nos deixa
intrigados com o oposto. Para argumentar com Rousseau podemos citar
como exemplo alguns moradores de rua que não têm outra opção senão o
roubo, ou um pai de família, que se vê desempregado e precisa de
dinheiro para o sustento de sua prole. Os próprios marxistas acusam o
capitalismo como meio de corrupção do indivíduo, que segundo sua
visão, nasce bom, mas o dinheiro o corrompe. Já para defender a
posição de Hobbes, é curioso observarmos como as crianças, antes de
receberem as instituições mais importantes que definirão suas
personalidades – a religião, a educação escolar -, como são egoístas,
e em alguns momentos capazes de brigar e bater para ter alguma coisa
só para si. Um equilíbrio de argumentos constrangedor: o homem nasce
mau e é crucial que receba as instituições durante a vida para que
possa se inserir na sociedade.

Estaria eu e milhares de pessoas atrás de um diploma universitário,
acaso as instituições as quais recebemos não nos disséssemos quão isso
era importante? O que seria da sociedade sem o Estado para lhe
assegurar seus direitos e também seus deveres enquanto cidadãos? Seria
a sociedade perfeita e se regularia automaticamente como os
fantásticos devaneios de alguns pensadores, acaso o Estado não
impusesse sua força imparcial em prol da justiça? Se esta justiça que
todos os dias se vê em ação (?) através da mídia é considerada falha,
o que seria da sociedade sem essa instituição? A educação seria melhor
ou pior se fosse unicamente dada por instituições privadas? Teríamos
hoje o mesmo número de alfabetizados? A segurança é mesmo tão
imperfeita quanto seria acaso fossemos cada um por si? E a saúde,
seria melhor se não fosse uma obrigação estatal? Tantos
questionamentos que nos faz enxergar a política com outros olhos.

Há uma complexidade de visões que se arrasta desde os tempos mais
remotos e que ainda hoje são discutidas com uma atualidade sem igual.
Contudo, em qualquer uma das visões é impossível negar que é preciso
do Estado. Em mundo globalizado o efeito dominó que ocorre quando um
fragmento do seu organismo está comprometido pode ser fatal para o
capitalismo, e para a sociedade.

- Aluno do 7º semestre do curso de Ciências Econômicas das Faculdades
integradas Santa Cruz de Curitiba

- A JANELA ECONÔMICA, é um espaço de divulgação das idéias e produção
científica dos professo­res, alunos e ex-alunos do curso de economia
das Faculdades Integradas Santa Cruz - Inove.

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